Proposta de construção de maquetes táteis para pessoas com deficiência visual aplicáveis ao ensino remoto
Resumo
Durante a pandemia da COVID-19 observou-se que o setor da Educação foi um dos que mais sofreu transformações a fim de se adaptar à nova realidade e para isso adotou o Ensino Remoto (ER) – outrora Emergencial, ERE – para que os alunos continuassem a ter aulas, porém de forma digital. No entanto, tal procedimento não atingiu toda a parcela da população, um exemplo disso são as pessoas com deficiência visual (PCDV). Diante dessa realidade, esta pesquisa buscou analisar três metodologias de construção de recursos táteis propostas pela comunidade acadêmica em relação à sua aplicabilidade no Ensino Remoto. Como forma de validação, foram qualificadas características críticas para a aplicabilidade, elaborados questionários quali-quantitativos e aplicados em docentes especializados no ensino de alunos com deficiência visual, a fim de definir quais metodologias e/ou critérios se mostrariam adaptáveis ao ER. Após análise dos resultados dos formulários, concluiu-se que era necessária a criação de um novo método e, portanto, propôs-se uma metodologia de construção de maquetes táteis das geociências para PCDV aplicável ao ensino remoto, sendo dividida em sete etapas. Na primeira, o docente deverá escolher uma paisagem a ser representada e realizar, através de um entrevista com o discente, a definição de sua concepção de mundo para assim escolher a melhor divisão das partes da maquete que irão formar um todo; já na segunda etapa, o docente deverá obter as matérias primas necessárias para construção e acompanhar a realização de um teste de sensibilidade tátil do discente acompanhado de seu respectivo responsável; só após esse teste, o docente poderá passar para a terceira fase, em que realizará a construção do recurso tátil com o discente; depois, na quarta etapa, o docente conseguirá definir os conceitos a serem trabalhados da paisagem de acordo com a etapa de aprendizagem do discente; na quinta etapa, o docente ficará responsável por transmitir e ensinar as etapas anteriores aos responsáveis dos alunos; o que resultará na sexta etapa, na qual o responsável deverá realizar a construção do recurso tátil junto com o aluno presencialmente; só após estas etapas, o docente conseguirá observar o aprendizado da PCDV e propor novos conteúdos a serem trabalhados na paisagem construída, finalizando, assim, a sétima e última etapa. Destarte, afirma-se que esta pesquisa não deve se extinguir neste estudo, e sim alcançar novos patamares para validação, manipulação, estimulação de interdisciplinaridade e execução de projetos físicos para além no ER.
Referências
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