O discurso sobre políticas públicas relacionadas à educação de pessoas com deficiência visual na primeira Revista Brasileira para Cegos (RBC)

  • Jefferson Gomes de Moura Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
  • Evelyn Goyannes Dill Orrico Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
  • Eliezer Pires da Silva Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Resumen

O presente estudo se dedicou à análise do discurso do primeiro exemplar, publicado em 1942, da Revista Brasileira para Cegos, periódico em braille do Instituto Benjamin Constant. Em leitura inicial, percebeu-se que a publicação traz conteúdos acerca de políticas públicas da época, relacionadas à educação de pessoas com deficiência visual, cujos reflexos serão observados décadas à frente. A partir daí se pretendeu então reconstruir, por meio das marcas discursivas presentes no periódico, a memória das políticas da atualidade, refletidas nas páginas da revista. As políticas públicas utilizadas na observação foram três, produzidas pelo Poder Executivo Federal para aplicação em âmbito nacional: Política Nacional de Educação Especial (Brasil, 1994); Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008); e Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida (Brasil, 2020). A escolha dessas políticas ocorreu em função da sua abrangência e influência na elaboração de outras políticas nos demais entes federativos. A ferramenta utilizada para a investigação do corpus foi a análise do discurso de vertente francesa, que tem como seu principal expoente o filósofo francês Michel Pêcheux (1938 – 1983). A escolha da metodologia de análise ocorreu tendo em vista que o discurso, para Pêcheux, é construído na sociedade, no processo de luta entre classes sociais antagônicas, com as suas diversas ideologias. A análise da revista revelou que o conteúdo sobre as ações políticas ligadas à temática da deficiência visual, nos anos 40, traz consigo marcas discursivas de políticas públicas distintas (assistencialismo, educação especializada, educação inclusiva), que se entrecruzam ou se chocam, produzindo efeitos, quais sejam, a efetivação dos direitos para as pessoas com deficiência visual enquanto cidadãos. É importante ressaltar que esse processo continua nos dias de hoje, refletido nas políticas públicas de 1994, 2008 e 2020. O presente artigo se apresenta como desdobramento da pesquisa realizada durante o mestrado, concluído em 2020, do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Biografía del autor/a

Jefferson Gomes de Moura, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UNIRIO (PPGMS-UNIRIO)

Evelyn Goyannes Dill Orrico, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Eliezer Pires da Silva, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

Doutor em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

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Publicado
2024-09-25