A compreensão da escrita e leitura da pessoa com deficiência visual: um olhar docente

  • Rosinete dos Santos Rodrigues Centro de Apoio Pedagógico à pessoa com deficiência visual (CAP-AP), Macapá – AP – Brasil
  • Ana Maria da Costa Universidade Fernando Pessoa (UFP) – Porto, Portugal

Resumen

Este trabalho se origina como resultado da pesquisa de Doutoramento em Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem, na Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal, no ano de 2022. Teve embasamento na teoria Sócio-Histórica de Vygotsky, por possibilitar a partir de seus conceitos uma melhor compreensão sobre o processo de inclusão e construção do conhecimento pela criança com deficiência visual, e aborda o conceito de letramento. Para Soares (2001), neste conceito existe a ideia de que para aquele que apreende a escrita se apresentarão transformações sociais, culturais, políticas, econômicas e linguísticas; e para Tfouni (2010), a alfabetização apresenta a escrita e seus códigos diante do aprendente, já o letramento irá apresentar a história da construção da escrita pela sociedade. O objetivo desta pesquisa é analisar a concepção do professor da classe comum e do atendimento especializado sobre a aprendizagem da escrita e da leitura pela criança com deficiência visual. Com o método de pesquisa-ação, as informações foram obtidas por meio do grupo de formação, entrevistas semiestruturadas e questionário. Participaram da pesquisa 10 professoras que possuíam alunos com deficiência visual. Os resultados foram organizados em categorias, e aqui serão abordados os desafios para a alfabetização e letramento da criança com deficiência visual. Foi possível inferir que nem todas as professoras que estão trabalhando com alunos nas séries iniciais são pedagogas, também nem todas possuem formação para atender alunos com deficiência visual e nem todas as formações oferecidas para as professoras na área da alfabetização abordam conteúdos pertinentes à deficiência visual. Assim, é possível compreender a necessidade de trabalho conjunto e colaborativo entre as participantes, pois, nem a formação do professor do Atendimento Educacional Especializado nem a formação do professor da classe comum são suficientes para mediar de forma isolada o processo de alfabetização da criança com deficiência visual.

Biografía del autor/a

Rosinete dos Santos Rodrigues, Centro de Apoio Pedagógico à pessoa com deficiência visual (CAP-AP), Macapá – AP – Brasil

Doutora em Desenvolvimento e Perturbações da Linguagem pela Universidade Fernando Pessoa (UFP)

Ana Maria da Costa, Universidade Fernando Pessoa (UFP) – Porto, Portugal

PhD em Psicologia pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha

Citas

AZEVEDO, José Alvares de. Prefacio do traductor. In: GUADET, Joseph. O Instituto dos meninos cegos de Paris: sua história e seu methodo de ensino. Rio de Janeiro: Typographia de F. de Paula Brito, 1851.

BAPTISTA, José Antonio Lages Salgado. A invenção do braille e a sua importância na vida dos cegos. Lisboa: Comissão de Braille, 2000.

BARBIER, René. A pesquisa-ação. Brasília, DF: Líber Livro, 2004.

BUENO, José Geraldo Silveira. As políticas de inclusão escolar: uma prerrogativa da educação especial? In: BUENO, José Geraldo Silveira; MENDES, Geovana Mendonça Lunardi; SANTOS, Roseli Albino dos (org.). Deficiência e escolarização: novas perspectivas de análise. Araraquara, SP: Junqueira & Marin, 2008. p. 43-63.

CURY, Carlos Roberto Jamil. Políticas inclusivas e compensatórias na Educação Básica. Cadernos de Pesquisa, [São Paulo], v. 35, n. 124, p. 11-32, jan./abr. 2005.

CURY, Carlos Roberto Jamil. Estado e políticas de financiamento em educação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 831-855, out. 2007.

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./out. 2005

LEITE, Cristiane das Graças. Alfabetização de adultos portadores de deficiência visual. Benjamim Constant, Rio de Janeiro, n. 24, 2003.

LEMOS, Edison Ribeiro et al. Louis Braille: sua vida e seu sistema. São Paulo: Fundação Dorina Nowill para cegos, 1999.

LIMA, Thalita Nilander. A importância do letramento escolar para a criança cega. Caminhos em Linguística Aplicada, [Taubaté, SP], v. 3, n. 2, p. 108-120, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Revistas brasileiras em Letras e Lingüística. DELTA, [São Paulo], v. 17, n. 3, 83-120, 2001.

MARTINS, Margarida Alves; NIZA, Ivone. Psicologia da aprendizagem da linguagem escrita. Lisboa: Universidade Aberta, 2014.

MAZZOTTA, Marcos José Silveira. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2011.

PLETSCH, Márcia Denise. A formação de professores para a Educação Inclusiva: legislação, diretrizes políticas e resultados de pesquisas. Educar em Revista, Curitiba, n. 33, p. 143-156, 2009.

REBELO, Andressa Santos; KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães. Avaliação em larga escala e educação inclusiva: os lugares do aluno da Educação Especial. Revista Educação Especial, Santa Maria, RS, v. 31, n. 63, p. 907-922, out./dez. 2018.

SILVA, Kátia Regina da. Alfabetização e letramento de crianças cegas em diferentes contextos. 2018. 229 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B24PN6. Acesso em 23 de set. 2019.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2008.

VILARONGA, Carla Ariela Rios; CAIADO, Katia Regina Moreno. Processos de escolarização de pessoas com deficiência visual. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 19, n.1, p. 61-78, jan./mar. 2013. DOI: doi.org/10.1590/s1413-65382013000100005.

VYGOTSKY, Lev Semyonovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Publicado
2024-12-03
Sección
A produção científica voltada à acessibilidade da pessoa com deficiência visual