Surdocegueira adquirida e o ensino de Libras como segunda língua
relato de experiência
Resumen
O objetivo deste estudo é relatar a experiência do ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) como segunda língua para uma pessoa com surdocegueira (SC) adquirida no programa de reabilitação do Instituto Benjamin Constant (IBC). O texto aborda algumas características gramaticais da Libras, bem como adaptações observadas na Libras tátil. A finalidade das aulas era que o aluno aprendesse um vocabulário básico da língua de sinais na modalidade tátil. O ensino foi pautado na necessidade do educando de aprender formas de comunicação simples e rápidas para situações de emergência e de perigo, conhecer códigos usados por outros alunos do programa com quem tinha contato e, principalmente, em otimizar o tempo da comunicação e poupar esforços nos momentos em que não estivesse fazendo uso do implante coclear. Umas das principais especificidades da surdocegueira é a heterogeneidade, sendo assim, as estratégias empregadas foram sendo desenvolvidas de acordo com o perfil do aluno. A primeira delas foi realizar o atendimento juntamente com o seu principal par de comunicação, assim já poderiam praticar em sua residência e fazer uso de alguns sinais. Outra estratégia de grande valia que ajudou o estudante a se recordar do conteúdo foi a descrição oral dos sinais acionando sua memória visual e sua experiência corporal. Os sinais descritos eram posteriormente gravados em áudio para serem ouvidos em casa. De acordo com relato do aluno surdocego e de seus familiares, o propósito foi alcançado e a língua de sinais se tornou um instrumento facilitador, atendendo a demanda comunicacional quando o aluno não estava com o implante coclear.
Citas
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