Novos livros multissensoriais para crianças deficientes visuais

  • Dannyelle Valente Universidade do Estado de Santa Catarina

Resumen

A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) ressalta a importância
de oferecer as condições necessárias para que as crianças com deficiência tenham o direito de aprender
em igualdade de oportunidades com as outras crianças. Os livros táteis ilustrados associam texto e imagem
em relevo destinados às crianças deficientes visuais. No âmbito de uma política de inclusão fortalecida nas
últimas duas décadas, esses recursos estão cada vez mais presentes nas escolas, bibliotecas e centros
culturais. Uma história que associa imagens e texto em braille desenvolve um papel essencial na aquisição
de competências linguísticas e comunicacionais, desperta o prazer da leitura, além de favorecer momentos
de troca entre cegos e videntes. Neste artigo, busca-se apresentar as bases teóricas e metodológicas do programa de pesquisa e desenvolvimento “Multisens: novos livros multissensoriais para crianças deficientes visuais”, iniciado dentro da editora francesa Les Doigts Qui Rêvent em parceria com o Instituto de pesquisa Acte: Arts, Créations, Théories etEsthétiques da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Em um primeiro momento, busca-se trazer à luz os principais aspectos culturais, cognitivos e comunicacionais atrelados à criação de imagens táteis como mediadoras entre um mundo visual e um não visual. Em seguida, com base nos dados de pesquisa recentes sobre a produção e a leitura de imagens táteis por pessoas cegas, serão apresentadas novas pistas para a criação de ilustrações táteis em livros infantis. Trata-se de desenvolver uma nova prática ilustrativa multissensorial apropriada ao contexto perceptivo das pessoas cegas, promovendo novos meios de troca e interação entre cegos e videntes.

 

Citas

ALMEIDA, M. C.; CARIJÓ, F. H.; KASTRUP, V. Por uma estética tátil. Fractal: revista de psicolo- gia, v. 22, n. 1, p. 85-100, 2010.

ARNHEIM, R. La pensée visuelle. Tradução de Claude Noël e Marc le Cannu. Paris: Flamma- rion, 1976.

______. Perceptual aspects of art for the blind. Journal of Aesthetic Education, v. 24, n. 3, p. 57-65, 1990.

BALDY, R. Dessine-moi un bonhomme: dessins d’enfants et développement cognitif. Paris: Editions in Press, 2008.

BELARMINO, J. O que percebemos quando não vemos. Fractal: revista de psicologia, v. 21, n. 1, p. 179-184, 2009.

CLAUDET, P. Guide typhlo & tactus de l’album tactile illustré. Talant: Les Doigts Qui Rêvent, 2009.

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COMDEFICIÊNCIA. 2006. Disponível em: <http://www.un.org/disabilities/default.asp?id=150>. Acesso em: dez. 2012.

COX, M. Desenho da criança. Tradução de Evandro Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

DARRAS, B. Au commencement était l’image. Paris: EFS, 1996.

______. Image une vue de l’esprit. Etude comparée de la pensée figurative et de la pensée visuelle. Recherches en Communication, n. 9, p. 77-99, 1998.

______. La modélisation sémiocognitive à l’épreuve des résultats des neurosciences: le cas de la production des schémas graphiques. Recherches en Communication, n. 19, p. 175- 197, 2003.

______; VALENTE, D. Images à toucher: réflexions sémiotiques sur les images tactiles des- tinées au public aveugle. Terra Haptica: la revue internationale haptique, Talant: Les Doigts Qui Rêvent, n. 1, p. 7-21, 2010.

ERIKSSON, Y. Images tactiles: représentations picturales pour les aveugles, 1784-1940. Tra- dução de Philippe Claudet. Talant: Les Doigts Qui Rêvent, 2008.

HELLER, M. Picture perception and spatial cognition in visually impaired people. In: ; BALLESTEROS, S. (Ed.). Touch and blindness: psychology and neuroscience. Nova Jersey: LEA, 2006. p. 49-71.

JALBERT, Y.; CHAMPAGNE, P. et al. Le développement de la conscience de l’écrit chez l’enfant aveugle âgé de 0 à 5 ans: recension des écrits. Talant: Les Doigts Qui Rêvent, 2007 (1. ed., 2005). (Coleção Corpus Tactilis).

KENNEDY, J. Drawing and the blind. New Haven: Yale University Press, 1993.

______. Recognizing outline pictures via touch: alignment theory. In: HELLER, M. (Ed.).Touch, representation and blindness. Oxford: Oxford University Press, 2000. p. 67-98.

LEDERMAN, S. et al. Visual mediation and the haptic recognition of two-dimensional pic- tures of common objects. Perception & Psychophysics, v. 47, n. 1, p. 54-64, 1990.

MILLAR, S. A reversed lag in the recognition and production of tactual drawings: theorical implications for haptic codind. In: HELLER, M.; SCHIFT, W. (Ed.). The psychology of touch. Hillsdale: LEA, 1991. p. 301-325.

VALENTE, D. Dessin et cécité: étude de la communication graphique des jeunes aveugles. Tese (Doutorado em Artes) – UFR Arts et Sciences de l’Art, Université Paris 1 Panthéon- Sorbonne, Paris, 2012.

______. Imagens que comunicam aos dedos: a fabricação de desenhos táteis para pes- soas cegas. In: 17o ENCONTRO NACIONAL DA ANPAP. Anais…, 2008a. p. 1013-1024.

______. La influencia del contexto perceptivo en el interpretation de representaciones esquematicas táctiles. In: CASTELLANOS, A. (Ed.) et al. Prototipos: lenguaje y representa- ción en las personas ciegas. Cadiz: UCA, 2008b. p. 99-116.

______. Os diferentes sistemas de fabricação de imagens e ilustrações táteis e as possibili- dades de produção de sentido no contexto perceptivo dos cegos. Revista Educação, Artes e Inclusão: trajetórias de pesquisa, v. 2, n. 1, 2010. Disponível em: <http://revistas.udesc.br/ index.php/arteinclusao>. Acesso em: maio 2012.

VALENTE, D.; DARRAS, B. Communication graphique et cécité: enquête sémiopragmati- que de la production et l’interprétation de signes figuratifs par des jeunes non-voyants. In: DARRAS, B.; VALENTE, D. MEI 36 Handicap & Communication. Paris: L’Harmattan, 2013.

VINTER, A.; FERNANDES, V. Le dessin chez l’enfant malvoyant et chez l’enfant aveugle. Terra Haptica: la revue internationale haptique, Talant: Les Doigts Qui Rêvent, n. 1, p. 22-30, 2010.

WRIGHT, S.; STRATTON, J. On the way to literacy: early experiences for children with visual impairments. 2. ed. Kentucky: American Printing House for the Blind, Inc., 2007.

Publicado
2017-03-06
Sección
Relatos de Experiencia