Crianças com surdocegueira congênita atendidas em um centro referência de Salvador-BA: sete casos
Resumen
Este estudo tem como objetivo relatar casos de crianças com surdocegueira congênita atendidas em um centro referência de Salvador, Bahia, caracterizando aspectos clínicos, quadro motor e/ou aprendizagem, forma de comunicação, principais aspectos socioeconômicos, propostas terapêuticas aplicadas por uma equipe interdisciplinar e as respostas produzidas por estas crianças. Para tanto, foram aplicados dois questionários semi-estruturados, distintos e específicos: um com os pais e/ou responsáveis legais, e outro com os profissionais da equipe interdisciplinar que as acompanha. Na análise dos dados relatam-se as características sociodemográficas, clínicas e de inserção de sete crianças com diagnóstico de surdocegueira congênita nos diversos segmentos da sociedade. A maioria dos casos relatados foi de crianças do sexo masculino, que apresentaram perda auditiva severa e perda visual leve, ou seja, baixa visão, tendo citomegalovírus e rubéola materna como as causas mais freqüentes da surdocegueira. As crianças utilizavam como forma de comunicação gestos naturais e LIBRAS, e apresentaram quadro motor sem alterações. As condutas realizadas pela equipe interdisciplinar se basearam na abordagem de Jan Van Dijk, que preconiza o desenvolvimento de uma consciência simbólica através do movimento. As crianças obtiveram respostas a estas condutas, porém de forma lenta. Conclui-se, através dos casos relatados, que a surdocegueira gera, principalmente, atrasos na aprendizagem e na comunicação, o que prejudica a vida social da criança, sua locomoção e independência, sobretudo quando associado a outros fatores, como o relacionamento familiar. Notou-se ainda a extrema importância do diagnóstico precoce e da intervenção em tempo hábil, por meio da ação de uma equipe interdisciplinar engajada em prevenir ou minimizar os atrasos apresentados, promovendo, o quanto antes, a inserção destas crianças nos vários segmentos da sociedade.
Citas
AGASPAM- Associação Gaúcha de pais dos Surdocegos e Multideficientes. Disponível em http://www.agapasm.com.br/multideficiente.asp. Acesso em: Julho de 2007
AMARAL, I. Comunicação com crianças surdocegas. Caderno de educação infantil, n. 47/97, p.8-11, 1997.Disponível em http://www.c5.cl/Congreso/HTML/charla2.htm. Acesso em: Agosto de 2007.
ARÁOZ, S.M.M. Diagnósticos e Atendimentos para Surdocegos por Rubéola Congênita. Cadernos de Educação Especial / Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Educação / Departamento de Educação Especial / Laboratório de Pesquisa e Documentação - LAPEDOC - . v. 2 (2001) - n.18 (2001) - 112 p. - Santa Maria. Disponível em http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2001/02/a9.htm. Acesso em: Julho de 2007
ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS DE PORTO. Alfabeto Manual da Pessoa Surdocega.Disponível em http://www.asurdosporto.org/images/AlfManPSc.pdf.
BARROS, D.D. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 12, n. 2: p.547-54, maio / ago. 2005.
CADER-NASCIMENTO, F.A.A.A.; COSTA, da M.P.R. A prática educacional com crianças surdocegas. Temas em Psicologia da SBP, 2003, v. 11, n. 2. Disponível em http://www.sbponline.org.br/revista2/vol11n2/art06_t.pdf. Acesso em: outubro de 2007.
CADER-NASCIMENTO, F.A.A.A.C.; COSTA, da M.P.R.. Mediação pedagógica no processo de desenvolvimento da comunicação em crianças surdocegas. Temas em Psicologia da SBP, 2003 v.
, n. 2. Disponível em http://www.sbponline.org.br/.Revista2/ v.11, n. 2/art01_t.pdf. Acesso em: outubro de 2007.
CONSORT, L.F; SOUZA, M.B.A.X. A contribuição da fisioterapia na prevenção de atrasos neuropsicomotores em crianças cegas congênitas de zero a dois anos de idade, 2003, 52 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Católica de Goiás, Goiânia.
ENTRE AMIGOS - Rede de Informações sobre Deficiência. Sorri-Brasil. AHIMSA - Associação Educacional para Múltipla Deficiência. Surdocegueira / Múltipla Deficência. Informações básicas sobre Surdocegueira e múltipla deficiência sensorial, 1999. Disponível em http://www.entreamigos.com.br/textos/sucemu/isucemu.htm. Acesso em: Agosto de 2006.
GOETZ, L., Guen, D;. Campbell, K. Aplicação de um enfoque baseado no movimento para o ensino de alunos deficientes sensoriais e com múltipla deficiência sensorial. Tradução de Miriam Xavier de Oliveira, 2002. Título original: A movement-based approch to the education of students who are sensory impaired / multihandicapped.
GRUPO BRASIL DE APOIO AO SURDOCEGO E AO MÚLTIPLO DEFICIENTE SENSORIAL. Sem luz e sem som: vencendo a barreira do isolamento. Edição n. 34 jul / ago - 2002
MAIA, S. R; ARÁOZ, S.M.M. A surdocegueira - "Saindo do Escuro". In____. Revista Educação Especial: Cadernos de Educação Especial / Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Educação / Departamento de Educação Especial / Laboratório de Pesquisa e Documentação - LAPEDOC - . vl. 1 (2001) - n. 17 (2001) - 90 p.
Disponível em http://www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2001/01/a3.htm. Acesso em Agosto de 2006.
MASINI, E .F. S. A experiência perceptiva é o solo do conhecimento de pessoas com e sem deficiências sensoriais. Psicologia em estudo, Maringá , Jan/Jun, 2003, v. 8, n. 1, p.39-43.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial. Deficiência múltipla. V. 2. Brasília: 2000.
_____ Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldades de Comunicação e Sinalização. Surdocegueira / Múltipla Deficiência Sensorial. Brasília, 2004.
MONTEIRO, M. A. Surdez-Cegueira. Revista Benjamin Constant, Rio de Janeiro, n 03, Maio de 1996.
Moller, C. Deafblindness: living with sensory deprivation. The Lancet extreme medicine. Dez. de 2003 p. 46-47.
RODRIGUES, M.R.C, Macário, N.M. Estimulação Precoce: sua contribuição no desenvolvimento motor e cognitivo da criança cega congênita nos dois primeiros anos de vida. Revista Benjamin Constant / Instituto Benjamin Constant / MEC. Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação - Rio de Janeiro, n. 33. p. 11- 22 , abril de 2006.
SERPA, X. Avaliação integral de crianças surdocegas. Tradução de Miriam Xavier de Oliveira. Revisão de Shirley Rodrigues Maia. São Paulo, 2005. Título original: Avaliación integral para niños sordociegos.
SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em Pediatria. In: _____.O lactente cego. 3ª ed. São Paulo-SP: Livraria Santos Editora, 2002. p.397-398.
SILVEIRA, F. F; NEVES, M. M. B.J. Inclusão escolar de crianças com deficiência múltipla: concepções de pais e professores. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 22, n. 1, Jan- Abr. de 2006, p. 79-88 .
SOUZA, M. M. A família como agente da aprendizagem da criança surdocega,2005. 64p. Trabalho de conclusão de curso (Pós-graduação de Formação de Educadores de pessoas deficientes sensoriais e múltiplas deficiências sensoriais). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.
ZAMBONATO, T. C. D. F; BEVILACQUA, M. C; AMANTINI, R. C. B. Síndrome da rubéola congênita associada ao período gestacional de aquisição da doença: Características audiológicas. ACTA ORL / Técnicas em Otorrinolaringologia, v. 24. n. 4, 2006, p. 268-271.