Crianças com surdocegueira congênita atendidas em um centro referência de Salvador-BA: sete casos

  • Priscila Conceição dos Santos Universidade Católica do Salvador
  • Maria Tereza Ávila Gallo Universidade Católica do Salvador

Resumen

 

 Este estudo tem como objetivo relatar casos de crianças com surdocegueira congênita atendidas em um centro referência de Salvador, Bahia, caracterizando aspectos clínicos, quadro motor e/ou aprendizagem, forma de comunicação, principais aspectos socioeconômicos, propostas terapêuticas aplicadas por uma equipe interdisciplinar e as respostas produzidas por estas crianças. Para tanto, foram aplicados dois questionários semi-estruturados, distintos e específicos: um com os pais e/ou responsáveis legais, e outro com os profissionais da equipe interdisciplinar que as acompanha. Na análise dos dados relatam-se as características sociodemográficas, clínicas e de inserção de sete crianças com diagnóstico de surdocegueira congênita nos diversos segmentos da sociedade. A maioria dos casos relatados foi de crianças do sexo masculino, que apresentaram perda auditiva severa e perda visual leve, ou seja, baixa visão, tendo citomegalovírus e rubéola materna como as causas mais freqüentes da surdocegueira. As crianças utilizavam como forma de comunicação gestos naturais e LIBRAS, e apresentaram quadro motor sem alterações. As condutas realizadas pela equipe interdisciplinar se basearam na abordagem de Jan Van Dijk, que preconiza o desenvolvimento de uma consciência simbólica através do movimento. As crianças obtiveram respostas a estas condutas, porém de forma lenta. Conclui-se, através dos casos relatados, que a surdocegueira gera, principalmente, atrasos na aprendizagem e na comunicação, o que prejudica a vida social da criança, sua locomoção e independência, sobretudo quando associado a outros fatores, como o relacionamento familiar. Notou-se ainda a extrema importância do diagnóstico precoce e da intervenção em tempo hábil, por meio da ação de uma equipe interdisciplinar engajada em prevenir ou minimizar os atrasos apresentados, promovendo, o quanto antes, a inserção destas crianças nos vários segmentos da sociedade.

Biografía del autor/a

Priscila Conceição dos Santos, Universidade Católica do Salvador

Priscila Conceição dos Santos é fisioterapeuta graduada pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) 

Maria Tereza Ávila Gallo, Universidade Católica do Salvador

Maria Tereza Ávila Gallo é professora fisioterapeuta da Universidade Católica do Salvador (UCSAL).

Citas

AGASPAM- Associação Gaúcha de pais dos Surdocegos e Multideficientes. Disponível em http://www.agapasm.com.br/multideficiente.asp. Acesso em: Julho de 2007

AMARAL, I. Comunicação com crianças surdocegas. Caderno de educação infantil, n. 47/97, p.8-11, 1997.Disponível em http://www.c5.cl/Congreso/HTML/charla2.htm. Acesso em: Agosto de 2007.

ARÁOZ, S.M.M. Diagnósticos e Atendimentos para Surdocegos por Rubéola Congênita. Cadernos de Educação Especial / Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Educação / Departamento de Educação Especial / Laboratório de Pesquisa e Documentação - LAPEDOC - . v. 2 (2001) - n.18 (2001) - 112 p. - Santa Maria. Disponível em http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2001/02/a9.htm. Acesso em: Julho de 2007

ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS DE PORTO. Alfabeto Manual da Pessoa Surdocega.Disponível em http://www.asurdosporto.org/images/AlfManPSc.pdf.

BARROS, D.D. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 12, n. 2: p.547-54, maio / ago. 2005.

CADER-NASCIMENTO, F.A.A.A.; COSTA, da M.P.R. A prática educacional com crianças surdocegas. Temas em Psicologia da SBP, 2003, v. 11, n. 2. Disponível em http://www.sbponline.org.br/revista2/vol11n2/art06_t.pdf. Acesso em: outubro de 2007.

CADER-NASCIMENTO, F.A.A.A.C.; COSTA, da M.P.R.. Mediação pedagógica no processo de desenvolvimento da comunicação em crianças surdocegas. Temas em Psicologia da SBP, 2003 v.

, n. 2. Disponível em http://www.sbponline.org.br/.Revista2/ v.11, n. 2/art01_t.pdf. Acesso em: outubro de 2007.

CONSORT, L.F; SOUZA, M.B.A.X. A contribuição da fisioterapia na prevenção de atrasos neuropsicomotores em crianças cegas congênitas de zero a dois anos de idade, 2003, 52 p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Católica de Goiás, Goiânia.

ENTRE AMIGOS - Rede de Informações sobre Deficiência. Sorri-Brasil. AHIMSA - Associação Educacional para Múltipla Deficiência. Surdocegueira / Múltipla Deficência. Informações básicas sobre Surdocegueira e múltipla deficiência sensorial, 1999. Disponível em http://www.entreamigos.com.br/textos/sucemu/isucemu.htm. Acesso em: Agosto de 2006.

GOETZ, L., Guen, D;. Campbell, K. Aplicação de um enfoque baseado no movimento para o ensino de alunos deficientes sensoriais e com múltipla deficiência sensorial. Tradução de Miriam Xavier de Oliveira, 2002. Título original: A movement-based approch to the education of students who are sensory impaired / multihandicapped.

GRUPO BRASIL DE APOIO AO SURDOCEGO E AO MÚLTIPLO DEFICIENTE SENSORIAL. Sem luz e sem som: vencendo a barreira do isolamento. Edição n. 34 jul / ago - 2002

MAIA, S. R; ARÁOZ, S.M.M. A surdocegueira - "Saindo do Escuro". In____. Revista Educação Especial: Cadernos de Educação Especial / Universidade Federal de Santa Maria. Centro de Educação / Departamento de Educação Especial / Laboratório de Pesquisa e Documentação - LAPEDOC - . vl. 1 (2001) - n. 17 (2001) - 90 p.

Disponível em http://www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2001/01/a3.htm. Acesso em Agosto de 2006.

MASINI, E .F. S. A experiência perceptiva é o solo do conhecimento de pessoas com e sem deficiências sensoriais. Psicologia em estudo, Maringá , Jan/Jun, 2003, v. 8, n. 1, p.39-43.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial. Deficiência múltipla. V. 2. Brasília: 2000.

_____ Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldades de Comunicação e Sinalização. Surdocegueira / Múltipla Deficiência Sensorial. Brasília, 2004.

MONTEIRO, M. A. Surdez-Cegueira. Revista Benjamin Constant, Rio de Janeiro, n 03, Maio de 1996.

Moller, C. Deafblindness: living with sensory deprivation. The Lancet extreme medicine. Dez. de 2003 p. 46-47.

RODRIGUES, M.R.C, Macário, N.M. Estimulação Precoce: sua contribuição no desenvolvimento motor e cognitivo da criança cega congênita nos dois primeiros anos de vida. Revista Benjamin Constant / Instituto Benjamin Constant / MEC. Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação - Rio de Janeiro, n. 33. p. 11- 22 , abril de 2006.

SERPA, X. Avaliação integral de crianças surdocegas. Tradução de Miriam Xavier de Oliveira. Revisão de Shirley Rodrigues Maia. São Paulo, 2005. Título original: Avaliación integral para niños sordociegos.

SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em Pediatria. In: _____.O lactente cego. 3ª ed. São Paulo-SP: Livraria Santos Editora, 2002. p.397-398.

SILVEIRA, F. F; NEVES, M. M. B.J. Inclusão escolar de crianças com deficiência múltipla: concepções de pais e professores. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 22, n. 1, Jan- Abr. de 2006, p. 79-88 .

SOUZA, M. M. A família como agente da aprendizagem da criança surdocega,2005. 64p. Trabalho de conclusão de curso (Pós-graduação de Formação de Educadores de pessoas deficientes sensoriais e múltiplas deficiências sensoriais). Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.

ZAMBONATO, T. C. D. F; BEVILACQUA, M. C; AMANTINI, R. C. B. Síndrome da rubéola congênita associada ao período gestacional de aquisição da doença: Características audiológicas. ACTA ORL / Técnicas em Otorrinolaringologia, v. 24. n. 4, 2006, p. 268-271.

Publicado
2017-03-17
Sección
Artículos