O aprendizado da escrita em braille: estabelecendo limites entre as palavras

  • Clarissa de Arruda Nicolaiewsky Instituto Benjamin Constant
  • Jane Corea Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumen

 

 O domínio da língua escrita é fundamental na sociedade contemporânea. A habilidade de demarcar os limites das palavras no texto é desenvolvida ao longo do processo de aquisição da língua escrita, sendo tal demarcação importante para a compreensão textual. São dois os tipos de segmentação lexical não convencional encontrados nos textos infantis: a hipossegmentação (junção de duas ou mais palavras) e a hipersegmentação (espaço indevido inserido em uma palavra). Como o Sistema Braille possibilita aos indivíduos cegos a participação em diversos contextos, é fundamental que seja propiciado seu domínio pleno. Assim, o presente artigo examina a natureza das segmentações não convencionais na produção textual em braille, com base em pesquisa da qual participaram 21 alunos dos três primeiros anos do ensino fundamental do Instituto Benjamin Constant. Os resultados evidenciaram a predominância de hipossegmentações e a importância da atribuição de significados às palavras, quando da colocação de espaços em branco entre elas, de forma semelhante à observada na escrita de crianças visonormais. As segmentações não convencionais, presentes nos textos dos aprendizes cegos, indicam estar ainda em desenvolvimento sua compreensão do conceito de palavra. Entender o processo de aquisição da língua escrita é fundamental para que se desenvolvam práticas pedagógicas que facilitem o domínio das habilidades relativas à produção textual.

Biografía del autor/a

Clarissa de Arruda Nicolaiewsky, Instituto Benjamin Constant

Clarissa de Arruda Nicolaiewsky é mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com bacharelado, licenciatura e formação em Psicologia pela UFRJ. Tem experiência na área de Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo, atuando principalmente na aquisição e domínio da língua escrita. Atualmente realiza pesquisa-intervenção no Instituto Benjamin Constant (IBC) e tem atuação clínica como Gestalt-terapeuta. 

Jane Corea, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Jane Correa é graduada em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com mestrado em Psicologia Cognitiva pelo Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), doutorado em Psicologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e estágio pós-doutoral realizado no Instituto de Educação da Universidade de Londres (Inglaterra). Atualmente é professora associada do Departamento de Psicologia Geral e Experimental e da Pós-Graduação em Psicologia da UFR J. Pesquisadora Nível 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem como áreas de pesquisa a Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo e a Psicologia da Aprendizagem. Seus temas de interesse são: construção de conceitos matemáticos; aprendizagem da língua escrita e dificuldades de aprendizagem.

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Publicado
2017-03-17
Sección
Artículos