Representações sociais de professores sobre a inclusão de alunos com deficiências em turmas regulares
Abstract
O discurso circulante em prol do respeito à diversidade pode redundar em posturas superficiais de acolhimento do aluno com deficiência. A Teoria das Representações Sociais permite compreender o tripé grupos-atos-idéias e discernir o discurso socialmente aceitável sobre inclusão das práticas observadas. Em pesquisa na Rede Pública Municipal do Rio de Janeiro, foram investigadas duas escolas de pequeno porte e duas escolas de grande porte, envolvendo 15 professores, 10 turmas, e 14 alunos com deficiência. A metodologia compreendeu a observação de campo e entrevistas. Os grupos focais para 40 professores contribuíram para refinar a análise das categorias surgidas da observação de campo: o aluno encarteirado; a necessidade de rotular; o professor vítima; a inclusão paralisante; a inclusão mobilizadora. Utilizou-se a análise de conteúdo e a leitura exaustiva do diário de campo para apreender a força das imagens e das práticas sociais que circulam nas instituições e grupos. Os dados indicaram que a situação de inserção do aluno com deficiência ameaça a segurança dos professores, em termos de vigília e de controle. O questionamento a esta ordem disciplinar pode vir via inclusão.
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