Material Dourado na Educação Matemática
Relatos com estudantes cegos e/ou baixa visão
Resumo
Com o intuito de promover a igualdade de condições à matrícula na escola para todos, surgiram normativas, leis e decretos que fundamentam e amparam a Educação Inclusiva no Brasil. Resultante disso, encontra-se a oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE), preferencialmente no ensino regular. Nesse contexto, este artigo apresenta um recorte de uma tese de doutorado cujo objetivo foi investigar potencialidades da Tecnologia Assistiva (TA) no ensino de conceitos matemáticos, nos atendimentos realizados no AEE, além do processo de implementação de tecnologias como recurso pedagógico. Com uma abordagem qualitativa, descrevem-se as atividades pedagógicas com a utilização de TA e do Material Dourado para a aquisição do conceito de número, principalmente da contagem. Participaram da pesquisa dois estudantes cegos e três com baixa visão do Ensino Fundamental e cinco professoras, três do AEE, e duas professoras da turma de aula regular. A partir da análise textual discursiva são descritas algumas atividades relacionadas, por exemplo, ao Material Dourado e ao uso do Real, a moeda corrente nacional, efetuadas pelas professoras participantes junto aos atendimentos do AEE. Diversos recursos foram utilizados em todas as etapas da aquisição do conceito de número. Entre eles, destacam-se a TA Contátil, o Material Dourado e calculadoras. Na apresentação dos conceitos, foram utilizadas interações com os símbolos matemáticos em braille, além de representações de quantidades numéricas utilizando materiais táteis adaptados e diversificados. A consolidação ocorreu com o auxílio de calculadoras e outros recursos de cálculos, enquanto a abstração foi promovida por meio da representação de quantidades e operações com cálculos mentais.
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