Análise comparativa da brincadeira simbólica de crianças cegas congênitas e de visão normal
Resumo
Este trabalho teve como objetivo verificar as dificuldades ou diferenças que a deficiência visual, mais especificamente a cegueira congênita, impõe ao desenvolvimento da brincadeira simbólica. São apresentados os dados de uma pesquisa de campo com crianças cegas congênitas e crianças videntes, comparando suas competências quanto à brincadeira simbólica. O grupo de pesquisa consistiu de seis crianças cegas congênitas, estudantes da escola especializada do Instituto Benjamin Constant no Estado do Rio de Janeiro, que não possuem patologias neurológicas graves ou auditivas. As crianças eram do sexo masculino, na faixa etária de 4 a 6 anos e nível socioeconômico baixo. O grupo de controle foi composto de crianças sem comprometimento visual e com as mesmas características das do grupo de pesquisa, objetivando o seu pareamento. No desenvolvimento da brincadeira simbólica, a pesquisa confirmou a expectativa, já que a criança cega congênita estabeleceu uma relação diferente com os objetos e com a condução da brincadeira, em comparação às crianças videntes. Os dados revelaram que a necessidade de manipulação prolongada dos objetos, as constantes perguntas ao adulto sobre seus atributos e o interesse no objeto em si, provocaram uma ruptura na condução da brincadeira. Este fato não foi observado na criança vidente. A análise dos dados permitiu eleger a brincadeira simbólica como importante indicador do desenvolvimento da criança cega e indispensável para múltiplas elaborações.
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