Desvendando formas para todos

Aprendendo geometria em uma sala de aula inclusiva

  • Ana Paula Sartori Gomes Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
  • Lilian Spieker Rodrigues de Lima Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
  • Silvia Teresinha Frizzarini Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
  • Elisandra Bar de Figueiredo Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Palavras-chave: Deficiência Visual, Inclusão, Matemática, Formas Geométricas, Material Concreto, Jogo Cooperativo

Resumo

Neste artigo relatamos a experiência vivenciada e as repercussões de uma atividade com materiais concretos para auxiliar alunos com deficiência visual durante o ensino de formas geométricas numa sala de aula regular. Foi proposto um jogo cooperativo com material manipulável para o ensino de formas geométricas que trabalhava com a nomenclatura da forma e o seu encaixe numa prancha com espaços em baixo relevo, e foi aplicado numa turma de terceiro ano do Ensino Fundamental I com 15 alunos, de uma escola pública estadual da cidade de Joinville, que tinha um aluno com deficiência visual. O referencial teórico utilizado enfatiza a importância do desenvolvimento de habilidades sensoriais com vistas a preparar o indivíduo para o ambiente. A pesquisa se classifica como básica, de abordagem qualitativa, descritiva, bibliográfica com levantamento e análise de dados. A aplicação foi dividida em seis etapas: preparação do ambiente, introdução da atividade, primeiro, segundo e terceiro modo de jogar e fechamento. No primeiro modo, cada dupla ou trio deveria retirar uma ficha com o nome de uma figura, identificá-la e encaixar na prancha. No segundo, com um novo desafio para as equipes, um dos colegas de cada dupla ou trio usaria uma venda nos olhos para realizar a atividade. No terceiro e último modo proposto para o jogo, os dois ou os três estudantes foram vendados e deviam trabalhar ao mesmo tempo procurando as peças, seus lugares correspondentes na prancha e realizar o encaixe. Como resultados, pode-se perceber não apenas a evolução dos estudantes para identificar as formas geométricas, como também o favorecimento da inclusão do aluno com deficiência visual, uma vez que o estímulo sensorial esteve presente em todos os momentos da aplicação, de forma progressiva. No final da atividade, durante o fechamento e revisão, mesmo os alunos que possuíam dificuldade na leitura, tanto para ler as fichas, quanto associar o nome à forma, conseguiam identificar as formas com os nomes, respondendo os questionamentos, além de fazer associação com outros elementos do cotidiano.

Biografias dos Autores

Ana Paula Sartori Gomes, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Licencianda em Matemática pela UDESC

Lilian Spieker Rodrigues de Lima, Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE

Licencianda em Educação Especial pela UNIVILLE

Silvia Teresinha Frizzarini, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Professora Associada da UDESC
Doutora em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Elisandra Bar de Figueiredo, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Professora Associada da UDESC
Doutora em Matemática pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Referências

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Publicado
2023-06-30