A utilização de quebra-cabeça tátil interativo no ensino de Geografia para alunos com deficiência visual
Uma revisão sistemática da literatura
Resumo
O ensino de Geografia para alunos com deficiência visual traz o desafio de apresentar conceitos que são abstratos e que, inicialmente, dependem do sentido da visão para sua compreensão, de uma maneira que esses estudantes também possam se apropriar desses conhecimentos. Para esses alunos o processo de ensino-aprendizagem é mais significativo quando todos os envolvidos no processo educacional têm a compreensão de que a falta da visão, ou o seu comprometimento, não é um fator impeditivo, apenas requer estratégias criativas. Os discentes que não enxergam ou que têm limitações no seu campo visual demandam acessibilidade nas práticas pedagógicas e nos materiais didáticos levando em consideração os seus sentidos remanescentes. É por meio da audição, do tato, do olfato e do paladar que esse grupo interage com o ambiente que o cerca. Dessa maneira, é de fundamental importância que esses sentidos sejam utilizados como canais de percepção dos conteúdos disciplinares. O objetivo do presente trabalho é apresentar uma revisão sistemática da literatura acadêmica nacional sobre o ensino dos conceitos geográficos de região e território para alunos com deficiência visual por meio da utilização de quebra-cabeça tátil interativo. O método utilizado foi a revisão sistemática da literatura. Os trabalhos selecionados durante o refino das informações encontradas demonstram o espaço que ainda existe para a produção acadêmica na área da deficiência visual no contexto educacional. Os resultados apresentados destacam que existe um processo que precisa ser respeitado para a validação dos recursos educacionais que visem à acessibilidade dos conteúdos disciplinares para os estudantes com deficiência. É de suma importância que esses artefatos sejam testados junto a revisores especializados e aos sujeitos aos quais são destinados. Por fim, ressalta-se que a acessibilidade de conteúdos educacionais depende do conhecimento prévio das condições e das potencialidades do seu público-alvo. No caso dos estudantes com deficiência visual, os sentidos remanescentes devem ser levados em consideração no momento da elaboração e da construção dos produtos que tenham a pretensão de proporcionar uma aprendizagem significativa para esses indivíduos.
Referências
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