Adaptações de Jogos Matemáticos no Ensino Superior para Estudantes com Deficiência Visual

Resumo

A partir do aumento de ingressos de pessoas com deficiência nas Instituições de Ensino Superior, mudanças estruturais e pedagógicas precisaram ocorrer para dar o suporte adequado para necessidades específicas desses estudantes. Este trabalho é referente ao processo de adaptação de material de uma disciplina voltada para a matemática do curso EaD de Pedagogia, de uma universidade pública do Rio de Janeiro, a fim de contemplar um estudante com deficiência visual. Dessa forma, têm-se como objetivos: relatar o processo de adaptação dos materiais práticos e teóricos da disciplina de Matemática para um estudante cego; e validar a adaptação de jogos matemáticos da disciplina a partir da experiência vivenciada por um estudante cego. Como metodologia, foram aplicadas duas entrevistas semiestruturadas ao estudante e utilizado o método estudo de caso avaliativo. Dessa forma, a análise se deu a partir de uma experiência prática do estudante cego no uso de jogos matemáticos, confeccionados por um grupo de pesquisa para a disciplina do curso de Pedagogia. A primeira entrevista foi realizada anteriormente à confecção dos jogos, para compreensão das necessidades do estudante; e a segunda, feita posteriormente à confecção, e visou obter o feedback acerca do material já elaborado. Para que a adaptação pudesse ser feita, o grupo de pesquisa recebeu o material com antecedência para o entendimento do conteúdo e para a discussão de como esse jogo poderia ser confeccionado. A partir da recepção, a construção dos jogos de tabuleiros passou por algumas etapas, desde a compreensão da matemática, o conhecimento do sistema braille, a compreensão das regras dos jogos e de quais materiais poderiam ser utilizados. A entrevista inicial auxiliou o grupo a compreender as necessidades do estudante e a melhor atendê-lo, confeccionando, assim, um material personalizado de acordo com suas especificidades. Já para a adaptação do material teórico da disciplina, foram utilizadas algumas ferramentas tecnológicas como computador, aplicativos de conversão de texto e a elaboração de audiodescrições das imagens. Conclui-se que a adaptação dos materiais em conjunto com o estudante cego foi essencial para seu entendimento da matéria abordada, proporcionando também sua inclusão na turma por conseguir acompanhar o tempo todo a proposta da aula.