Pesquisa acadêmica e deficiência visual: resistências situadas, saberes partilhados

  • Bruno Sena Martins Universidade de Coimbra

Resumo

No presente texto, reconhece-se a deficiência visual como parte de uma modernidade subalternizada, na qual as vidas das pessoas cegas e com baixa visão podem ser entendidas como itinerários insubmissos capazes de guiar as ciências sociais à sua própria insubmissão. Concebemos as experiências de deficiência visual como e narrativas de resistência, sugerindo uma proximidade instrutiva em que a academia assume, em primeiro lugar, a capacidade de escutar como estratégia e, em segundo, a transformação da sociedade como aspiração maior à validade de seu conhecimento.

Biografia do Autor

Bruno Sena Martins, Universidade de Coimbra

Licenciado em Antropologia pela Universidade de Coimbra e doutor em Sociologia pela mesma instituição. Sempre enleado na questão das representações culturais, tem dedicado seu trabalho de investigação aos temas do corpo, deficiência e conflito social. É investigador no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, no qual é coordenador do Núcleo de Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe) e coordenador executivo do Programa de Doutoramento “Human Rights in Contemporary Societies”.

 

 

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Publicado
2017-03-09
Seção
Artigos Livres